Marlês Andreazza incorpora o espírito humanístico


Por Laudir Dutra
ENTREVISTA – Ajudar os outros, acima de tudo sem esperar nada, sem olhar a quem, se despir de preconceitos, de antagonismo, de credos, religiões, cor de pele, condição social. Esta mulher nasceu para fazer o que faz e na FAS edita os seus melhores dias e seu lado mais eloqüente, o humanitário. Marlês Andreazza,um exemplo a ser seguido.
Hoje o privilegio é todo nosso, aprender, trocar idéias, buscar a informação definitivamente tem um novo significado, afinal de contas, sair um pouco do lugar comum, do habitual onde invariavelmente nos deparamos com temas praticamente sem importância. Hoje, o nosso assunto com a Presidente da Fundação Assistência Social de Caxias do Sul passa longe de ser corriqueiro, ele se reveste de muita importância e emoção, pois os leitores vão conhecer o perfil de alguém nascido para ajudar a desenvolver idéias agregadoras.
Em 2005, a professora Marlês Stela Sebben Andreazza foi convidada pelo então prefeito José Ivo Sartori para desenvolver um trabalho junto à FAS, uma missão da qual ela já estava acostumada a realizar. Mestre querida por todos, desprendida de qualquer tipo de preconceito, passou as agruras que poucos seres humanos passam. Como ela mesma diz, a segunda chance dada por Deus tinha que ser compartilhada, então, assumir esse compromisso veio bem a calhar. Depois de 10 anos, a escolha é plenamente justificada.
“Nosso objetivo é dar continuidade a uma caminhada que iniciou lá em 2005, seguindo metas estabelecidas como a ampliação das Casas Lares, Residências Inclusivas, Centro Dias Caxias para pessoas com deficiência, o novo CREA e o CRAS Planalto, que devem ser entregues à comunidade em breve”, fala com carinho, ressaltando o crescimento do trabalho nesses dez anos de atuação. “A FAS vem num crescente nessa primeira década de atuação, consolidamos o programa numa construção que é de todos. Ninguém faz nada sozinho, a Assistência Social existe há 20 anos e temos uma ferramenta que respalda todas as nossas ações. O prefeito Sartori deu o pontapé inicial na sua gestão e o prefeito Alceu Barbosa Velho continuou com o mesmo pensamento, muito importante para qualquer tipo de afirmação. Aos poucos vamos minimizando a defasagem de pessoal para atender a todos com a mesma dedicação. Em 2016 teremos 256 servidores prestando serviço às pessoas. Ainda não é o ideal em função do crescimento da demanda, mas acredito que podemos dar conta”.
– Pessoa certa no lugar certo.

“Faço aquilo que gosto, que me deixa feliz, onde eu me sinto útil. Não é o cargo, é o que eu gosto de fazer. Quando eu acordo pela manhã não me sinto na obrigação de ir para o trabalho, afinal, estou indo para onde eu me sinto bem.
Recebi a oportunidade de retribuir tudo aquilo que Deus me deu que foi o dom da vida pela segunda vez. Não tem preço o meu trabalho, desde 2005 faço as coisas de coração, em paz comigo mesma e com Deus. Falar com as pessoas, ver alguém feliz, isso é o que me realiza plenamente.
Não custa a gente tirar um tempinho para ouvir os outros. Sou feliz, só tenho que agradecer pela lição de vida que temos. Quero deixar aqui na Fundação o legado de humanização. Aprender a ouvir o outro e se colocar no lugar desse”.
– O que ainda falta.
Ainda precisamos de um centro integrado de atendimento ao idoso, para que o mesmo não tenha que ir de um lado para outro em busca das suas coisas. Tomara que daqui há alguns anos tenhamos mais Casas Lares e menos abrigos.
Acredito ser mais importante o idoso ficar com a família e temos que dar as condições necessárias para que isso aconteça.”
– Um desejo reafirmado.
“Como recebi muito, sou doadora de tudo, menos do sangue que fui recomendada pelos médicos. Sempre reitero um pedido especial, que meus olhos sejam doados a um ex-aluno meu que é deficiente visual e que tenho grande carinho por ele desde os tempos que eu lecionava. Gostaria que as pessoas se lembrassem de mim como alguém que sempre fez o que gostava de fazer e foi feliz.
Não quero barreiras, prefiro comemorar o DIA DA PESSOA HUMANA, nada de dia disso ou daquilo. Devemos respeitar e reiterar os valores morais, saber respeitar e ser respeitado”.
– Em 1982 recebi 60 doares de sangue O – de todas as etnias, preto, branco, índio, de religiões diversas, católicos, evangélicos, protestantes. Não posso e não farei nenhuma distinção, sempre tratarei a todos com igualdade, só tenho que respeitar as regras já estabelecidas. Peço desculpas caso tenhamos magoado alguém.

– O que a Marlês levará da vida.
“Acho que levarei a alegria de ter vivido bem, sempre fazendo aquilo que eu gostava, com as pessoas que eu amo.
Levo no meu coração as lições de vida que meus pais me passaram. Eles me ensinaram a acolher e respeitar as pessoas. Isso é um legado. Minha mãe sempre me dizia: ‘Não diga não sei, diga eu vou tentar’. Por tudo isso dito, agradeço a oportunidade que Deus me deu de poder viver e realizar um monte de coisas”.
Foto Laudir Dutra

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